sexta-feira, 22 de janeiro de 2016


POR CENTO


Acabo a noite com os feixes das luzes
a embater em mim com a música a gritar
na mão uma cerveja de três goles
olhando as pessoas em câmara lenta a passar.
No outro dia tento lembrar pelo que fiz
no meio das gargalhadas com os amigos
e assim passei-te a conhecer ao juiz
lembrando os dias que estivemos todos.
As noites eram tão sóbrias que não tinham sono
pura fantasia sem a necessidade de sonhar
dizer olá quando acordo para outro turno
em querer ser grande para poder falar.
As caras eram sujas a dançar com a fogueira
destilar o álcool com uma careta
e sorrir com ela para um amigo que repara
em outra coisa qualquer na malta.
Restaurar uma personalidade existente
separada pela vida que nunca viveu
soltar a timidez para o meio do medo
gostar de mim, e, de ti mesmo, de regresso.
Pela manhã acordo e sinto que existo
no silêncio de uma boca calada temporária
estando sempre lá e depois não existo
falando de um sonho temporário.
Sempre disseste que sim aos nãos
numa afirmação solene às dúvidas
durante um dia desconhecido porque não
vens para outra morada onde amas.
Sonhei ter uma casa deste tamanho
para me sentir eu próprio quando estou só
a pensar, a pensar, imortalizado
de alegria por existires quando estavas só.
E se não vieres vais dizer que não
a toda a fantasia sonhada até ao fim
do fogo a apagar da explosão de um canhão
separando o fuzile das saudades do camarim.
Onde tudo, é preparado na terra do palco
conseguindo e fazendo a personalidade
sem sargento nem capitão apenas uma voz de eco
no princípio do fim da estrada da finalidade.
Tem cuidado que o outro lado fica ao lado
a noite é curta e o dia é tudo isso
quero te dizer as horas, quero te dizer tudo,
aceita-rejeita que te leva a isso.
Todos os dias virão e vais dizer apenas
"estou a ficar velho" a alguém especial
ao teu lado pronto a ouvir as tuas palavras
bebendo um copo para empurrar a saliva emocional.
Não olhes os problemas, olha as recordações
pela falta de alguém que podia estar cá hoje
a sorrir-te nesta partida da vida de lições
procura o teu espírito por cá estás hoje.
Vamos gritar a alguém que nos oiça
no transparente, no findar dos anos
a ver-te esquecido e velho não havendo mudança
só nos resta esperar que tudo só foi sonhos.
Este é o último tempo que nos resta
o primeiro momento do que ainda não foi feito
pelo o presente confiante da próxima porta
dentro no labirinto abstracto nunca antes derrotado.
Decora os caminhos que os cruza
faz-te sentir imponente perante a ti mesmo
quando estás só nesta cruzada
que simplesmente te fez ser unido no extremo.

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